Plástico do Bloco Traz-os-Montes - Carnaval 1982
Esse é um “plástico” do bloco Traz-os-Montes, com estampa criada para o carnaval de 1982, quando a agremiação faria 10 anos. Para aqueles que não sabem – acredito que a maioria – naquela época, ainda não existiam os “adesivos” tão comuns nos vidros dos carros nas décadas de 80 e 90. O que utilizavamos eram os “plásticos”, que tinham a mesma função de comunicação, mas eram presos ao vidro com uma leve umedecida com água e podiam ser retirados facilmente. Se não era a única forma de divulgação dos blocos de carnaval, era, de longe, a mais importante. Ter um desses no carro significava fazer parte de uma galera especial. A propaganda passava por ai: o que era exclusivo, era desejado.
Essa peça também revela um pouco da concepção criativa e da personalidade contraditória que eu tinha na época. Num momento em que a estética do carnaval estava mais para os confetes, serpentinas, pierrôs e as colombinas das decorações ou do escrache dos personagens momescos e baconianos dos blocos, eu me valia de um grafismo icônico e sintético, quase uma marca. Não fossem as cores, nem parecia carnaval. O sol nascente revela uma forte influência da estética surf que acabava de invadir nossa geração. Sincretismo estético.
Revelando já um lado publicitário, resolvi dar um jeito numa questão recorrente aos blocos que chegavam ao décimo carnaval, mas que, como tinham sido fundados dias antes da primeira vez que foram para a rua, tinham de fato só 9 anos. Então, em vez de colocar o tradicional “10 anos”, o que seria falso, resolvi adotar os “10 Carnavais”, mais justo e menos careta.
Os leiautes eram feitos com guache ou caneta hidrográficas, e as artes finais em tinta nanquim, com aquelas terríveis canetas “Rottring”, que entupiam o tempo todo.
Lembro exatamente do dia em que concebi essa peça. Difícil é acreditar que já se passaram 30 anos, rsrsr…