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Duas gerações e uma paixão: Asa.

Asa 25 anos25 anos atrás surgia uma nova onda entre a galera de Salvador: os ensaios na Mansão da Águia, um casarão transformado em pequena e acolhedora área de show, na Boca do Rio. Depois da praia, a geração bronzeada que frequentava os points de Jaguaripe, Terceira Ponte e adjacências, tinha destino certo: curtir o som maneiro da nova banda Asa de Águia. Esse sonho, ou essa lenda, já embalou pelo menos duas gerações, da galerinha que frequetava Arraia d´Ajuda, nos anos 80 e 90, à turma que deitou e rolou na Avenida, na Barra e nas Trivelas por esse Brasil. Para todos que curtem ou curtiram o grupo, o Asa é mais que uma banda, é um estilo, um espelho do seu ideal de prazer. É por isso que “o Asa arrêa!”

Mais uma vez me o Asa me deu a oportunidade da criação nessa marca comemorativa dos seus 25 anos. Contei com a finalização de Thiago Nunes.

O Prêmio Pinel e o Curso de Publicidade da Católica.

Prêmio Pinel de Criação - Publicidade da Universidade Católica. 1985.Sentados numa mesa, eu, Júlio Mota, ex-presidente do Bloco do Pinel, e Araripe, cineasta e professor do Curso de Publicidade da Universidade Católica do Salvador, resolvemos criar um prêmio para incentivar esse curso, dentro da política do Bloco do Pinel, na época, de reenvestir seu lucro em áreas culturais e educacionais. O primeiro evento, em 1994, já foi um grande sucesso. A equipe vencedora adquiria o direito de veicular a campanha criada para a Festa do Pinel com Netinho. O cartaz acima já foi para a 2ª edição do Prêmio, em 1995.

A idéia contou com o apoio total dos prefessores do curso de publicidade: Sonia Regina, Zeca e o saudoso Alencar. Que incentivaram e orientaram os alunos a participar da empreitada.

O Prêmio Pinel de Criação antecedeu o próprio “Projeto Experimental”, evento que premia os melhores promovido pela faculdade, e teve o privilégio de poder incentivar futuros grandes nomes da publicidade brasileira.

Além desse projeto, eu e Júlio viajamos em outras idéias que não chegaram a sair do papel, como foi o caso do “Arte do Inconsciente”, em parceria com o mestre Juarz Paraíso, que propunha uma exposição de arte reunindo obras executadas por deficientes mentais e também crianças. Já o “Pinel in Concert” era um projeto que pretendia adaptar o trio para orquestras de cordas e corais se apresentarem ao grande público.

Nana grafitado 2

 

Abada Nana Banana - Carnaval de Salvador 2012 - quinta com Timbalada.Na quinta o Nana Banana sai com a Timbalada. O grafitado entrou no clima.

O Crocodilo e a Amazonia.

Abada do Bloco Crocodilo inspirado na Amazonia para o carnaval d Salvador 2012.Bloco Crocodilo e Daniela Mercury fazem referência a Amazonia em sua ópera carnavalesca.

O Crocodilo e o Rio

Abada do Bloco Crocodilo homenageando o Rio no carnaval de Salvador 2012.Homenagem de Daniela ao Rio de Janeiro.

Daniela, o Crcodilo e a Bahia

Abada do Bloco Crocodilo homenageando a Bahoa - Carnaval 2012.Estampa criada por briefing de Daniela Mrecury, para homenagear a Bahia no seu desfile de sábado no carnaval de Salvador.

Todos os elefantes do Cheiro.

Abadas do bloco Cheiro de Amor - Carnaval de Salvador 2012.Tradicional bloco do carnaval de Salvador, o Cheiro sempre teve um elefante como símbolo. Esse ano, inspirado pela origem desses fantásticos animais, tanto o asiático como o africano, resolví me inspirar na estética indiana e da áfrica subsaariana para criar os abadas de 2012. O terceiro elefante, evidentemente, é baiano legítimo.

A Capela Sextina.

"Capela Sextina", carnaval 2009, no Camarote do Reino.Ilustração criada para decorar o teto do Camarote do Reino no carnaval de 2009, batizada de “Capela Sextina”. Um pouco do sagrado e do profano, do barroco e do photoshop.

Inspirado em meu amigo arquiteto, designer e artista, Durval.

O Trio e o Patrocinador – II

Projetos de Trios Elétricos - Camaleão Varig e Crocodilo C&A

O projeto da Varig ficou só no papel, mas o do Crocodilo saiu.

Depois do sucesso de captação de projetos como Crocodilo/C&A em 1991, Pinel/Consul, Beijo/Coca-Cola e Cheiro/Pepsi em 1992, começaram a surgir idéias mirabolantes para atrair o patrocinador para o Carnaval de Salvador. Muitos projetos ficaram só nas idéias, mas outros, como o Trio do Crocodilo com uma enorme boca abrindo e fechando na frente do Trio foi realizado com sucesso.

A maioria desses projetos eram ilustrados com a técnica “aerografia”, que utilizava um tipo de caneta spray, hoje equivalente ao “brush” no Photoshop. Eram muitas horas de paciência para recortar as máscaras com um bisturi e muita tinta colorindo o pulmão.

Projetos de Trio Elétrico - Eva Vasp

Outro projeto que não decolou.

O Trio e o Patrocinador – I

Projetos de Trios Elétricos - Cheiro Pepsi e Pinel Consul

Dois dos projetos aprovados para o Carnaval de 1992.

Pelo que conta a história, o Trio Elétrico já nasceu com patrocinador, mas, na minha memória, a imagem do Trio Elétrico da aguardente “Saborosa”, em forma de garrafa nos anos 1960, é a campeã. Até os anos 1990, porém, na maioria das vezes o Trio Elétrico trazia várias marcas de patrocinadores perdidas em meio à decoração, sem muito impacto junto ao folião. Com o Trio da Saborosa na cabeça e um problema nas mãos, que era aumentar a captação dos valores de patrocínio para os blocos na época, a partir de 1991, propus glamourizar a visibilidade do patrocinador no Trios Elétricos. O Primeiro projeto nessa linha foi o Trio Crocodilo / C&A, com o apoio de Fred Boat, que obteve grande receptividade junto ao patrocinador e virou referência para outros que viriam, como o do Bloco Pinel, onde propomos colocar um ar-condicionado na frente do Trio e aumentamos o patrocínio em 5 vezes.

Projeto de Trio Elétrico - Crocodilo C&A - Carnaval 1991

Projeto de Trio do Crocodilo/C&A para o Carnaval 1991.

Um ano de Blog e muitas alegrias.

i-Fob - a fobica (ou fubica) do futuro

O Trio Elétrico do futuro caminha para ser uma espécie de I-Pod.

Há exatamente um ano e um dia – em 27-05-2010 – inaugurei esse meu blog com uma postagem intitulada “O Futuro do Trio Elétrico” – ilustrado por essa imagem acima –  uma visão minha sobre o amanhã dessa maquina de som e promoção que é o trio. Pensando apenas em registrar alguns momentos desses meus 30 anos de trabalho no Carnaval de Salvador, não criei expectativas, mas confesso que me surpreendi com essa ferramenta fantástica de comunicação que, conjugada com o Twitter e o Facebook, viabilizam o conhecimento mútuo de idéias e pessoas sem ter que passar pelo crivo de jornalistas, editores, etc.

Quero agradecer a todos os leitores desse blog com seus 65,591 views, suas críticas e sua atenção durante esse primeiro ano. Para mim tem sido um imenso prazer compartilhar, com todos vocês, arquivos e fatos que ajudam a entender esse período da história que, além de espelho, são como instantâneos dos hábitos sociais e cultura de um povo.

Durval Lelys já ensaiava ser Mago em 1993.

Durval Lelys de Mago em 1993

Durval, ainda no Eva, posando de Mago, em 1993.

Na época em que o Asa de Águia foi para o bloco Eva, produzimos essas fotos para um outdoor que levava o titulo “Feliz Eva Astral!”. Como sempre, Durval não só encarnou a idéia, como a própria personagem desse Mago, predecessor e inspirador de outras tantas fantasias que viriam. Essas fotos inéditas – a do outdoor citado acima foi outra – são de meu querido amigo Carrilho, parceiro de tantos trabalhos e aventuras. Fato curioso foi que algumas das idéias e poses desse ensaio fotográfico foram sugeridas por Alan, meu filho, na época com uns 10 anos, e, surpreendentemente, aceitas por Durval que, oportunamente, viu no menino uma mente mais aberta as suas elocubrações do que a minha.

Nessa época Durval ainda estava ensaiando os seus futuros personagens.

Nessa época Durval ainda estava ensaiando os seus futuros personagens.

A rEvolução dos Trios Elétricos.

Vendo estas fotos em meus arquivos, me chamou a atenção o fato delas representarem, de forma bem clara, três momentos que simbolizam a virada tecnológica dos Trios Elétricos, o que viria a provocar mudanças profundas no cenário musical e cultural da Bahia. Também é curioso o fato dessas fotos serem de três anos seguidos – 1979, 1980 e 1981 – e pertecerem ao mesmo bloco, no caso, o Traz os Montes.

Trio do Traz os Montes/Tapajós em 1979

Em 1979, as "bocas sedãs" predominavam no trio e a percurssão era em baixo.

Vejamos: na primeira foto, de 1979, o Trio do Bloco Traz os Montes era na verdade um reserva do Trio Tapajós. Ainda predominavam as chamadas “boca sedã”, tipo de propagador de som em forma de cone. Haviam apenas umas duas pequenas caixas de som na frente e nas laterais e os amplificadores ainda eram do tipo valvulados. Curiosamente, podemos ver a figura de Bell, cantor da Banda Scorpius, atual Chiclete com Banana, tocando uma guitarra no final da parte superior do trio, e toda a percurssão em baixo, na lateral, como era tradição em todos os trios da época.

Trio do Traz os Montes 1980

Traz os Montes e 1980, o primeiro trio totalmente transistorizado com caixas de som.

Já na foto acima, de 1980, vemos o primeiro Trio Elétrico totalmente transistorizado e utilizando unicamente caixas de som e cornetas “Snake” e não mais as “bocas sedãs”. Esse Trio Elétrico do Traz os Montes foi uma revolução estrondosa, literalmente. Ninguém, até então, ouvira um som com tanta qualidade, fruto da inventividade dos jovens diretores do Bloco Traz os Montes e dos técnicos de som Wilson Marques e Miller. Nessa foto, eu apareço de short vermelho conversando com Rey, baterista da banda, além de Alexandre, meu primo, e Wilson, o barbudo em cima do trio. Esse foi meu primeiro trabalho de decoração, executado na antiga sede da ABB, na Barra.

 
Traz os Montes 1981 - A revolução do Trio Elétrico.

Traz os Montes 1981: pela primeira vez uma banda inteira em cima do trio.

Por último, o trio que fez a maior de todas revoluções quando colocou caixas de som onde antes ficava a percurssão e proporcionando, pela primeira vez, que uma banda completa se apresentasse na parte superior do trio. Percebam que, ao contrário dos dois anteriores, não existe mais aquele vão na lateral do trio. O impacto dessas modificações fez com que esse trio virasse referência para todos os que foram construídos a partir de então, ocasionando o surgimento de várias bandas e artistas que, mais tarde, dariam forma a chamada “axé music”.

Banda Mel do Brasil – capa do disco de 1989

capa Banda Mel do Brasil 1989

Capa do disco de vinil da Banda Mel ilustrada com aerógrafo, em 1989.

Acima, capa do disco de “vinil” da Banda Mel, gravado em 1989 e intitulado “Banda Mel do Brasil”. Na época, Fernando Gudlach, produtor desse LP, me solicitou uma capa politicamente correta, abordando temas como devastação florestal, abandono infantil, poluição e a problemática indigena. Utilizando um aerógrafo, ilustrei 4 selos na frente da capa e, mais 4, na contra capa, com estampas alusivas a essas “questões”. Os selos ilustrados na capa mostravam esses problemas agravados e os selos da contra capa estampavam esses mesmos problemas já solucionados. Era uma aposta sobre como seria o Brasil do ano 2ooo. Capa ou contra capa? Deu capa.
Apesar de não achar essa temática muito condizente com o conteúdo daquele trabalho musical, coloquei a mão nas tintas e passei uns 4 dias, incluindo as noites e madrugadas, aerografando. Ao contrário da ferramenta “brush” do Photoshop, que é digital e limpa, o aerógrafo inundava o ambiente com a tinta pulverizada. Era necessário utilizar máscara (quase nunca o fazia) e manter as janelas abertas. Hoje o computador acabou com minhas alergias e, caso erre um detalhe da ilustração, a gente manda voltar e refaz quantas vezes for necessário. Com o aerógrafo não tinha isso, mas era mais prazeroso. Sugiro a quem gosta de ilustrar, e tiver tempo e alguma grana, que compre um e experimente.

A Banda Mel na época era formada por Dal Batera, Jailton Dantas no baixo, Toni Augusto na guitarra, Julinho Villani nos teclados, na percussão Dito e Orlando Costa e Márcia, Nonato e Alobened nos vocais.

Cheiro e Carla Visi: um amor de carnaval.

A Banda Cheiro anuncia Carla Visi para o Carnaval 1996

A Banda Cheiro anuncia Carla Visi para o Carnaval 1996

Em 1995, com uma campanha de outdoor duplo, a Banda Cheiro de Amor anunciava sua nova cantora, Carla Visi, para o carnaval de 1996. Ela teria a difícil tarefa de substituir Márcia Freire, o Furacão Louro, grande estrela da banda, até então. Na verdade, as duas são excelentes “puxadoras de trio”, naquele tempo não havia espaço para “celebridades”. A galera queria mesmo era que os cantores  mandassem ver. Pessoalmente, sempre achei Carla Visi uma excelente artista, além de grande figura humana.  Ela cantando Quixabeira é um marco do nosso carnaval.

A idéia da campanha foi tentar manter a integridade da banda naquele momento de mudança, por isso utilizamos o título “O Mesmo Cheiro, Um Novo Amor” e uma foto com toda a turma da Cheiro comandada pelo maestro Zé de Henrique.

Antigamente o outdoor duplo não emendadava um no outro como os de hoje, eram duas placas seguidas, mas separadas. Essa peça acima foi uma prova de cor da Grafos, empresa do grupo Bigraf, que era referência em fotolitos para o meio publitário, e, se vocês reparaem em close, existem umas linhas de marcação dividindo o outdoor em 36 folhas, porque era muito caro uma policromia total. A solução era economizar nas folhas com impressão cromática.

Apesar de já utilizar a computação gráfica desde 1993, essa arte final ainda foi feita pelo processo manual de montagem, com papel, nanquim, fotocomposição, cromo e seleção de cor. As fotos são de David Glat e a produção de Doda Guedes.

Contei com meu amigo Marcelo Paulista, ex-Cheiro, para relembrar as datas.