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Maquete do Trio do Papa / Claudia Leitte.

MAquete Trio Babado Novo 2005

Há uns dez anos fiz essa experiência de apresentar a maquete de um trio elétrico, na escala 1:60, junto a um projeto de captação de patrocínio. A ideia era reaproveitar a mesma maquete, trocando apenas as marcas, para reapresentá-la a outros potenciais patrocinadores. Mas na prática, a ideia foi um fiasco porque a maquete não retornou nem da primeira apresentação.

Valeu a experiência e aventura de construir essa miniatura.

Cartão de Natal Pinel, anos 80.

Ser Feliz é Ser Pinel.

O Bloco do Pinel tinha tradição em enviar cartões de Natal para seus foliões. Simas, um dos diretores do bloco,  encarregado de me solicitar a criação, era um entusiasta dessas histórias e bancava imprimir em policromia, técnica gráfica proibitiva naqueles tempos. Hoje, qualquer gráfica imprime 4 cores baratinho.

A técnica para ilustração foi a aerografia; na época nem se falava em computação gráfica.

Curiosidade: abaixo do título “SER PINEL É SER FELIZ”, eu havia colocado um subtítulo: “Feliz Festas!”. A intenção era sair do óbvio “Feliz Natal!” ou “Feliz Ano Novo!”, mas terminei por cometer um erro banal: plural de feliz é felizes. O velho Pedro, meu pai, bom nisso, logo percebeu a garfe, mas já estavam impressos 2 mil e enviados pelo correio. Para consolo besta, só me restou retirar a frase dos cartões que ficaram comigo.

Um disco que mudou tudo.

Uma capa para história.

Quando Totó,  na minha opinião o maior empreendedor e visionário do carnaval baiano, resolveu produzir o primeiro disco da banda Pimenta de Cheiro – antigo nome da Banda Cheiro de Amor – certamente o mercado da música baiana era completamente diferente do que se tornaria alguns anos depois.

Esse disco acima, gravado com Márcia Freire no vocal e o maestro Zé de Henrique, teve produção local do selo Stalo, de Ricardo Cavalcanti, e foi o primeiro grande sucesso de um formato musical que mais tarde viria a ser conhecido como axé music.

Curiosamente, até a capa ser finalizada, a banda ainda se chamava Pimenta de Cheiro. Na hora de mandar produzir o vinil na gravadora Poligram, Totó, desesperado, me veio com a notícia bombástica de que alguém tinha registrado o nome da banda e ele não poderia mais utilizá-lo, a não ser que conseguisse negociar com o “dono” de registro, o que poderia levar tempo. Sugeri que colocasse, provisoriamente, o nome “Banda Cheiro de Amor”, numa alusão ao nome do bloco e ele topou. Um redator amigo meu, Bonetti, teve uma sacada genial e sugeriu que colocássemos “Pimenta de Cheiro” como nome artístico do álbum, um ardil para manter a associação com o nome original do grupo, enquanto a tal pendenga fosse resolvida. Terminou que o disco vendeu 30 mil cópias – número de sucesso para a época – e o nome da banda ficou pra sempre “Cheiro de Amor”.

Produzi essa foto com meu grande amigo e fotógrafo Carrilho, utilizando um pequeno cromo de 35 mm, sob a luz natural da rua, na Ladeira da Fonte. A pimenta foi comprada num mercado ali no Forte de São Pedro. Na verdade, pimentas, pois “o modelo” é resultado da junção de duas: talo de uma, corpo de outra. O teclado era um Korg e a tecla, para ficar rebaixada, prendíamos com fita durex.  A “armengagem” descolou umas 3 vezes, jogando a pimenta lá pro alto, e cada vez tínhamos que remontar tudo de novo. A verba era quase nada; o sol de Salvador, escaldante; a pressão, pior ainda, mas o trabalho ganhou o Troféu  Caymmi de “Melhor Capa”, e eu e o velho Carrilho rimos muito de tudo aquilo tomando uma branquinha, a de sempre.

CocoBambu, 20 carnavais e muita farra.

CocoBambu, 20 carnavais.Parece que foi ontem. Lugar comum dizer essas coisas, mas é meio que inevitável. Depois de um certo tempo, o tempo perde a noção do tempo. E tudo voa.

Essa é a marca que criamos para o Bloco CocoBambu registrar seus 20 carnavais. Além de mim, tive a colaboração de Tiago Nunes no logo 20 anos e Mariana Villas Boas na criação e montagem da peça.

O Prêmio Pinel e o Curso de Publicidade da Católica.

Prêmio Pinel de Criação - Publicidade da Universidade Católica. 1985.Sentados numa mesa, eu, Júlio Mota, ex-presidente do Bloco do Pinel, e Araripe, cineasta e professor do Curso de Publicidade da Universidade Católica do Salvador, resolvemos criar um prêmio para incentivar esse curso, dentro da política do Bloco do Pinel, na época, de reenvestir seu lucro em áreas culturais e educacionais. O primeiro evento, em 1994, já foi um grande sucesso. A equipe vencedora adquiria o direito de veicular a campanha criada para a Festa do Pinel com Netinho. O cartaz acima já foi para a 2ª edição do Prêmio, em 1995.

A idéia contou com o apoio total dos prefessores do curso de publicidade: Sonia Regina, Zeca e o saudoso Alencar. Que incentivaram e orientaram os alunos a participar da empreitada.

O Prêmio Pinel de Criação antecedeu o próprio “Projeto Experimental”, evento que premia os melhores promovido pela faculdade, e teve o privilégio de poder incentivar futuros grandes nomes da publicidade brasileira.

Além desse projeto, eu e Júlio viajamos em outras idéias que não chegaram a sair do papel, como foi o caso do “Arte do Inconsciente”, em parceria com o mestre Juarz Paraíso, que propunha uma exposição de arte reunindo obras executadas por deficientes mentais e também crianças. Já o “Pinel in Concert” era um projeto que pretendia adaptar o trio para orquestras de cordas e corais se apresentarem ao grande público.

Camaleões camuflados.

Abada do Camaleão 2012.

Nana grafitado 2

 

Abada Nana Banana - Carnaval de Salvador 2012 - quinta com Timbalada.Na quinta o Nana Banana sai com a Timbalada. O grafitado entrou no clima.

O Crocodilo e o Rio

Abada do Bloco Crocodilo homenageando o Rio no carnaval de Salvador 2012.Homenagem de Daniela ao Rio de Janeiro.

Daniela, o Crcodilo e a Bahia

Abada do Bloco Crocodilo homenageando a Bahoa - Carnaval 2012.Estampa criada por briefing de Daniela Mrecury, para homenagear a Bahia no seu desfile de sábado no carnaval de Salvador.

A comunicação dos blocos há 30 anos.

Plástico do Bloco Traz-os-Montes - Carnaval 1982

Plástico do Bloco Traz-os-Montes - Carnaval 1982

Esse é um “plástico” do bloco Traz-os-Montes, com estampa criada para o carnaval de 1982, quando a agremiação faria 10 anos. Para aqueles que não sabem – acredito que a maioria – naquela época, ainda não existiam os “adesivos” tão comuns nos vidros dos carros nas décadas de 80 e 90. O que utilizavamos eram os “plásticos”, que tinham a mesma função de comunicação, mas eram presos ao vidro com uma leve umedecida com água e podiam ser retirados facilmente. Se não era a única forma de divulgação dos blocos de carnaval, era, de longe, a mais importante. Ter um desses no carro significava fazer parte de uma galera especial. A propaganda passava por ai: o que era exclusivo, era desejado.

Essa peça também revela um pouco da concepção criativa e da personalidade contraditória que eu tinha na época. Num momento em que a estética do carnaval estava mais para os confetes, serpentinas, pierrôs e as colombinas das decorações ou do escrache dos personagens momescos e baconianos dos blocos, eu me valia de um grafismo icônico e sintético, quase uma marca. Não fossem as cores, nem parecia carnaval. O sol nascente revela uma forte influência da estética surf que acabava de invadir nossa geração. Sincretismo estético.

Revelando já um lado publicitário, resolvi dar um jeito numa questão recorrente aos blocos que chegavam ao décimo carnaval, mas que, como tinham sido fundados dias antes da primeira vez que foram para a rua, tinham de fato só 9 anos. Então, em vez de colocar o tradicional “10 anos”, o que seria falso, resolvi adotar os “10 Carnavais”, mais justo e menos careta.

Os leiautes eram feitos com guache ou caneta hidrográficas, e as artes finais em tinta nanquim, com aquelas terríveis canetas “Rottring”, que entupiam o tempo todo.

Lembro exatamente do dia em que concebi essa peça. Difícil é acreditar que já se passaram 30 anos, rsrsr…

21 anos da Guerra do Golfo…

Cartão de Boas Festas do Bloco Beijo para o ano de 1991

Aerografia sobre papel - Cartão de Boas Festas do Bloco Beijo para 1991.

No dia 29 de novembro de 1990, há exatos 21 anos, os EUA deram início a invasão do Iraque. Por aqui, na terra de São Salvador da Bahia, em plena everfescência da axé-music, o cantor Netinho entoava seu hit “Golfo Pérsico”, ensaiando a galera para o carnaval de 2001. No mesmo espírito, o Bloco Beijo acabava de enviar um cartão de boas festas para seus associados onde clamava por “Um Beijo à Paz!”, título de meu amigo Bonet para textualizar minha ilustração feita com um aerografo e retoques a guache. 

Como todos sabem, de nada adiantou nossos simplórios apelos e a guerra aconteceu. Mas ficou o registro da forma desprendida que os blocos de carnaval se comunicavam na época. O assunto nunca era “venda”. Mas vendiam muito mais que abadás, vendiam fantasia.

O Trio e o Patrocinador – II

Projetos de Trios Elétricos - Camaleão Varig e Crocodilo C&A

O projeto da Varig ficou só no papel, mas o do Crocodilo saiu.

Depois do sucesso de captação de projetos como Crocodilo/C&A em 1991, Pinel/Consul, Beijo/Coca-Cola e Cheiro/Pepsi em 1992, começaram a surgir idéias mirabolantes para atrair o patrocinador para o Carnaval de Salvador. Muitos projetos ficaram só nas idéias, mas outros, como o Trio do Crocodilo com uma enorme boca abrindo e fechando na frente do Trio foi realizado com sucesso.

A maioria desses projetos eram ilustrados com a técnica “aerografia”, que utilizava um tipo de caneta spray, hoje equivalente ao “brush” no Photoshop. Eram muitas horas de paciência para recortar as máscaras com um bisturi e muita tinta colorindo o pulmão.

Projetos de Trio Elétrico - Eva Vasp

Outro projeto que não decolou.

O Trio e o Patrocinador – I

Projetos de Trios Elétricos - Cheiro Pepsi e Pinel Consul

Dois dos projetos aprovados para o Carnaval de 1992.

Pelo que conta a história, o Trio Elétrico já nasceu com patrocinador, mas, na minha memória, a imagem do Trio Elétrico da aguardente “Saborosa”, em forma de garrafa nos anos 1960, é a campeã. Até os anos 1990, porém, na maioria das vezes o Trio Elétrico trazia várias marcas de patrocinadores perdidas em meio à decoração, sem muito impacto junto ao folião. Com o Trio da Saborosa na cabeça e um problema nas mãos, que era aumentar a captação dos valores de patrocínio para os blocos na época, a partir de 1991, propus glamourizar a visibilidade do patrocinador no Trios Elétricos. O Primeiro projeto nessa linha foi o Trio Crocodilo / C&A, com o apoio de Fred Boat, que obteve grande receptividade junto ao patrocinador e virou referência para outros que viriam, como o do Bloco Pinel, onde propomos colocar um ar-condicionado na frente do Trio e aumentamos o patrocínio em 5 vezes.

Projeto de Trio Elétrico - Crocodilo C&A - Carnaval 1991

Projeto de Trio do Crocodilo/C&A para o Carnaval 1991.

Daniela by Tarsila.

Estudos abada Crocodilo - Daniela Mercury 2011

Daniela preferiu a opção da direita, ispirada no Abaporu de Tarsila do Amaral.

Durante a criação dos abadas para o Bloco Crocodilo no carnaval 2011, que prestou homenagem a três artistas brasileiros, esbocei duas sugestões para o dia em que o bloco de Daniela Mercury homenageou a obra de Tarsila do Amaral: uma inspirada em sua obra mais icônica, o Abaporu, e a outra simulando uma pintura da própria Daniela by Tarsila. A opção “Abaporu” foi a escolhida pela cantora. Passado o carnaval, posto aqui minha homenagem as duas grandes artistas.

Marcas do Camaleão: de Luiz Caldas ao Chiclete.

Marcas do Bloco Camaleão de Luiz Caldas ao Chiclete com Banana.Acima, no topo, primeiro trabalho para o Bloco Camaleão. Fui criar para eles no mesmo ano em que Luiz Caldas, recém saído do Bloco Beijo, se mudou para lá, em meados de 1984. No ano seguinte, depois da sua estréia no Camaleão, Luiz virou celebridade e ganhou o título de”Rei do Fricote”.

Eu tinha, na época, verdadeira paranóia por inventar tipologias, evidente nas três primeiras artes acima, onde a figura do “bicho camaleão” era sempre presente, até que foi substitudo pela “patinha” já na era da banda Chiclete com Banana. Em sua primeira versão a patinha aparecia em dupla, mas diante do sucesso imediato, logo virou o grande símbolo do bloco e, para aumentar a força de sua comunicação, ano seguinte mudamos para uma só pata. Sem dúvida, a marca mais conhecida do Carnaval Baiano. (Ver postagem “A Origem da Patinha do Camaleão”)