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A história da marca do Camaleão

Vídeo sobre como surgiu a tradicional marca da “pata” do bloco Camaleão, com depoimentos de Bell Marques e diretores do Camaleão e Crocodilo.

Camaleão e Bell, a festa continua!

Campanha Camaleão Bell MArques

Campanha promocional do Bloco Camaleão (+ o Bloco Vumbora) para o Carnaval de 2017, em Salvador.

Axé, Bell.

Axé, Bell

Homenagem do Bloco Camaleão ao cantor Bell em seu primeiro ano comandando o bloco depois de assumir a carreira solo.

Encontros de Trios – muito mais que 30 anos.

Encontro de Trios - Moraes

Os encontros de Trios existem há muitos anos, desde os anos 1970. Mas não havia o cantor, eram só os intrumentos de corda. Moraes Moreira trouxe a voz para o trio. Mas só à partir de 1980, quando o trio ganhou qualidade de sonorização, com os amplificadores transistorizados do Trio Traz-os-Montes e também os Novos Baianos, é que esses encontros passaram a despertar mais a atenção do público.

O Trio do Traz-os- Montes, o de Armandinho Dodô & Osmar, o Tapajós, os Novo Baianos e mais tarde o Eva, Camaleão, Novos Bárbaros, Pinel, Beijo…  duelavam com seus cavaleiros armados com guitarras baianas. O público apreciava mais o guitarrista do que o cantor.

Pepeu Gomes, Aderson que era da Banda Scorpius e foi pro Eva, Missinho que entrou no lugar de Aderson na Banda Scorpius que virou Chiclete. Até Robertinho do Recife tocou por aqui. Mas ninguém se igualava ao maior dos mestres. O infalível, que nunca errava uma nota: o mestre Armando Macedo.

Ensaio Geral 2015 com Bell Marques.

Ensaio Geral do Camaleão - campanha 2015

Outdoor duplo para campanha do Ensaio Geral, na Praia do Forte, com o cantor Bell Marques. Será a primeira vez, em mais de 20 anos na história dessa tradicional festa, que o artista se apresentará em carreira solo.

O carnaval no Clubinho e os artistas mirins..

Olhe o detalhe da cabine...

Olhe o detalhe da cabine…

Desfile de artistas...

Desfile de artistas…

Metaleiro...

Metaleiro…

para todos os gostos...

para todos os gostos…

Olha a fila...

Olha a fila…

Cultura é aquilo que a gente faz.  Partindo dessa premissa, me surpreendi mais uma vez com a criatividade da criançada – e de seus papais e mamães inspiradores – durante a Semana de Arte da escola Clubinho das Letras. Dentre os vários temas da Mostra, existe um espaço sobre o carnaval, e foi, justamente nele, que fiz as fotos à seguir. É impressionante como nossas vivências ficam impressas como digitais afetivas por toda nossa vida e, por fim, as tranferimos para outras gerações que farão suas próprias leituras. Isso, queira-se ou não,  é cultura.

Parabéns aos alunos, esses pequeninos artistas, aos pais (muitos, ex-foliões), às professoras, e ao Clubinho, por esse evento especial.

Só lamento não ter como dar os créditos das criações, mas, os pais que se dispuserem, podem ciatr os autores nos comentários.

Tropicalista...

Tropicalista…

Trio Purpurina

Pink total...

Pink total…

CarnaBahia, uma pintura daquele carnaval de 1981.

Trio Traz os Montes - fundo - baixa

Em 1981, o Carnaval de Salvador estava em plena everfescência: talentos surgiam naquele cenário musical proporcionado pelas novas tecnologias que permitiam o canto pleno num Trio Elétrico.  Lui Muritiba, Banda Scorpius –  com Bell, Aderson, Gato… e que depois virou Chiclete com Banana –  Gerônimo, Sarajane e tantos outros novatos se misturavam nas ruas com os já consagrados Morais Moreira, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Novos Baianos com Pepeu, Baby e Paulinho Boca de Cantor, além, é claro, da família Macedo com o paizão de todos, Seu Osmar, e o impagável Armandinho e sua guitarra baiana.

Foi inspirado nesse inesquecível carnaval que fiz a pintura dessa foto na trazeira do Trio Elétrico do Traz-os-Montes, bloco pioneiro e revolucionário em toda essa história do recente carnaval baiano. Pintado com tinta esmalte sobre a chapa de metal do trio, era minha homenagem àquele momento mágico dessa terra em que nasci – aos artistas e aos blocos.

No mês que antecedia a folia, costumava ficar imerso por dias no galpão do bloco, lá no bairro do IAPI. Sujo de tinta até à medula, era um misto de decorador, carregador de caixa de som e “opinólogo geral”. Aliás, todos nós – técnicos de som, chapistas, diretores do bloco, eletricistas, motorista, músicos –  fazíamos de tudo. Pra dar um molho nessa festa, ao lado do galpão, tinha o nosso querido Satuba, que preparava uma moqueca de arráia especial acompanhada de uma batida de limão tipicamente baiana: com mel.

Valeu à pena.

Dom Bell.

Dom Bell I copy

Desde a primeira vez que estive com o cara, e lá se vão 34 anos – foi nos preparativos do Carnaval de 1980 – a imagem daquele barbudo magrelo não deixou dúvidas de que nada do que fazia era à toa. Numa manhã, com tinta dos pés à cabeça, dava os últimos retoques na pintura do trio elétrico do Bloco Traz-os-Montes, quando ele apareceu e se apresentou como integrante da Banda que iria tocar para o bloco. Em seguida me perguntou se dava para pintar, em algum lugar daquele trio, o nome dos integrantes do grupo.  Disse que sim e, prontamente, comecei a pintar nome por nome citado por ele: “Aderson, Gato, Rey, Wadinho…” e quando citou o dele, eu tasquei um “Béu”. Ele corrigiu na hora: “é com ‘L’ no final”. Passei o solvente e troquei as letras. Ele parou um instante, virou a cabeça de lado, como faz até hoje quando está idealizando, e disse: “ponha mais um ‘L’ ai no final. E pela primeira vez, tava lá, num trio, o nome “Bell”.  Até hoje tenho essa dúvida se ele decidiu por essa grafia naquela hora ou já se escrevia seu apelido assim. Mas naquele episódio ficou claro uma marca indelével dele: nada em sua carreira é por acaso, é tudo pensado estrategicamente.

Quando a Banda Scorpius saiu do Traz-os-Montes e partiu para construir seu próprio trio, agora já como Chiclete com Banana, Bell me convidou para decorá-lo. Ouvi de alguém que tomasse cuidado com a questão comercial, mas no primeiro dia de trabalho, quando acabei de estacionar minha TT 125cc ao lado do trio, ele apareceu e me passou um maço de dinheiro, pagando o acertado de uma só vez e antecipado. Indaguei se ele não queria ver primeiro o resultado e ele disse que não precisava, tinha certeza sairia legal. Surpreso, porque ninguém havia me pago antecipadamente por um serviço, comprei o leite do filhote recém nascido e fiz esse mesmo trabalho, decorar seu trio, pelos 10 anos seguintes.

Tive o privilégio de estar bem perto naquele início quando Bell era quase um cover de Moraes Moreira, como ele mesmo assumiu publicamente. Vi depois a banda seguir a trilha do “galope” – já com Missinho em lugar de Aderson, que foi o guitarra baiana do primeiro ano – e eu, particularmente, não curtia muito aquele ritmo acelerado. Sempre fui lerdo. Preferia o ijexá de Luiz Caldas, mais suingado e mais contemporâneo. Percebo que nesse período, por volta do final dos anos 1980, o Chiclete viveu um certo ostracismo, principalmente por conta de suas apresentações passarem a ser associadas a truculência de uns poucos e fanáticos seguidores. Nesse momento, a banda estava na contra mão do que acontecia nos principais eventos de Salvador: as festas que dariam origem a tal axé music.

Quando, por fim, o samba-regue entrou na banda, acho que com o hit “Eu Sou Camaleão, Sou Seu Amor…”, o Chiclete passou a acessar  outros públicos. Sua ida para o bloco “Qual é?”, alternativo no recém criado Circuito da Barra, também foi um sucesso que acelerou esse processo. Depois veio o bloco Nana Banana, que junto com o Camaleão, acabaram por consagrar a banda por mais duas décadas.

Já se passavam muitos carnavais que eu não curtia os dias de quinta, sexta e sábado por conta do exaustivo trabalho de decoração dos trios, quando naquele sábado de 1997, já livre do tranco, resolvi dar uma caminhada por uma Barra ainda muito tranqüila; sai de Ondina até a Barra sem ver um pé de bloco, trio ou qualquer coisa do gênero. De repente uma voz aparece do nada e, de forma quase mágica, vi todas aquelas pessoas se transformarem. O trio ainda nem aparecera, estava por trás do Edifício Oceania, mas as luzes já refletiam no antigo Farol a sinalizar a metamorfose. Em seguida a voz entoou, ainda sem o instrumental, “menina vem me dar seu amor…”. Daí pra frente foi uma apoteose. Eu, com todas as minhas restrições ao estilo galopeiro da banda, me rendi ao que ouvi e ao que vi. Fui pra casa e pintei um quadro – nunca pinto quadros e nem sei por onde anda esse – em homenagem ao que imaginei ser a reencarnação de Baco: o estrategista tinha virado o Deus da Folia.

Anos depois, numa premiação do carnaval, o Troféu Dodô & Osmar, promovido pelo Jornal A Tarde, vi uma multidão vaiar Bell durante sua premiação, enquanto ovacionavam Ivete. Pensei como podia alguém despertar tanta raiva, se ainda era seguido por multidões durante os carnavais. Meu sentimento era que havia virado politicamente correto criticá-lo: o Bell estrategista, está longe de ser um bom marqueteiro. Resolvi, então, fazer uma pesquisa Aqui no meu blog para avaliar melhor o que acontecia, e fiz a seguinte enquete: “Qual a Melhor Banda ou Artista da História da Axé Music?”. Levando-se em consideração que meu blog não é representativo  (temos pouco mais de 300 mil visualizações desde que o criei em maio de 2010) e que não tenho competência como pesquisador, nesses 3 anos que a enquete ficou disponível para votação, e ainda está, até o momento que escrevo esse post, recebeu exatos 1.392 votos.  O resultado foi  Chiclete em primeiro com 28,52% dos votos, seguidos de Ivete com 14,3, Asa com 12,64, Daniela com 11,57, Cheiro / Márcia Freire com 6,68, Claudia Leitte com 5,78, depois Luiz Caldas, Netinho, Banda Mel…  O resultado fala por si, e pode ser conferido na própria enquete, após efetuado um voto.

A partir de amanhã, Bell, o cara dos dois “eles”, enfrentará novos desafios. Há muito tempo não convivo mais próximo para avaliar se foi estratégica ou não, sua decisão de fazer carreira solo. Mas, certamente, já idealizou tudo, assim como há 34 anos.

À despeito dos que o amam ou odeiam, ninguém pode ignorar um sucesso tão longo; seja em qualquer circunstância ou em qualquer lugar do mundo. Há algo de especial, sim.

Desde a primeira vez que o vi, o achei parecido com aquela pintura clássica de Dom Pedro I. Por conta disso, fiz essa brincadeira acima. Vaidoso como ele é, talvez me xingue. Mas não tem como eu ignorar esse cara que começou junto comigo, num mesmo bloco e num mesmo carnaval. O sucesso dele, naquele já distante 1980, resultou na minha história. Sucesso, Dom Bell.

Dom Bell à rigor copy

Ensaio Geral, uma festa pra história.

Ensaio Geral, uma festa pra história

Os antigos já diziam que “Salvador é a terra do já teve”, isso talvez tenha origem em tempos muito antigos, quando essa cidade, porto mais importante do hemisfério sul, deixou de ser capital da antiga colonia de Portugal. Repentinamente, a Cidade da Bahia perdeu sua importância e tudo foi se transferindo para a nova capital: o Rio de Janeiro.  Salvador foi perdendo seus talentos, ideias, pioneirismos, cultura, história e, por último, até sua beleza.

O Ensaio Geral existe desde 1990; é a festa do Bloco Camaleão. Em tempo de repensar essa cidade, é bom comemorar um evento que já dura 24 anos. Naturalmente essa festa também traz uma outra marca; é a última em que a banda Chiclete com Banana se apresentará em Salvador, além do carnaval, claro, com a mesma formação.

Nada mantém o sucesso por tanto tempo à toa; certamente, o Ensaio Geral continuará sendo a avant premiere da folia baiana por muitos anos. Quem viver, verá, garanto.